Perda de fôlego ocorre em junho no índice em 12 meses pelo 10º mês, diz FipeZap
SÃO PAULO - O mercado de imóveis prontos, novos e usados,
está aterrissando nas principais capitais do País, depois do boom
registrado em 2010 e 2011. Pelo décimo mês consecutivo, em junho a
variação do preço do m² acumulada em 12 meses perdeu força. No mês
passado, as cotações médias tiveram alta de 18,4%, entre maio de 2011 e
junho deste ano. É uma queda de 1,5 ponto porcentual em relação ao
resultado de maio, aponta o Índice FipeZap.
A desaceleração também está retratada nos resultados deste ano. Entre
janeiro e junho, o preço médio do m² subiu 7,4%, praticamente a metade
da valorização observada em igual período de 2011 (14,6%). O indicador
reúne informações dos preços do m² dos imóveis prontos, principalmente
usados e também novos, exceto lançamentos, em seis regiões
metropolitanas e no Distrito Federal. As informações são coletadas em
anúncios na internet.
"Dificilmente teremos a euforia de preços de anos anteriores. A
tendência de aumentos menores de preços deve continuar e o mercado deve
ficar mais equilibrado", afirma o coordenador do indicador, o economista
Eduardo Zylberstajn.
Entre os principais fatores apontados pelo economista para a perda de
fôlego dos preços é a ausência de mudanças radicais nas regras de
financiamento daqui para frente, como alongamento de prazos e a redução
de taxas de juros, ocorridas nos últimos anos. Em 2006, exemplifica, a
taxa de juros para a compra de imóveis era de 26% ao ano e o prazo médio
de quatro anos. Hoje, os juros são 10% ao ano e o prazo médio está em
15 anos.
Além disso, o economista lembra que outro fator que tem ajudado a
moderar a alta de preços é o aumento da oferta de imóveis. "Hoje está
sendo colocado no mercado para venda um grande volume de produtos,
lançados dois anos atrás, quando a conjuntura econômica era
completamente diferente."
Roseli Hernandes, diretora da imobiliária Lello, com forte atuação na
cidade de São Paulo, conta que a sua empresa realizou pela primeira vez
uma espécie de liquidação de imóveis usados no mês passado. Os
descontos variaram entre 10% e 30%. "Foram cerca de 600 imóveis com
abatimentos colocados à venda." Ela observa que o esforço foi retirar as
"gordurinhas" de preços na hora de negociar.
Depois que as construtoras revisaram para baixou as projeções e
reduziram os lançamentos, Roseli diz que os preços dos imóveis usados
ficaram menos agressivos. "O mercado colocou o pé no chão." É que
normalmente, explica ela, a tendência é de o dono do imóvel usado
balizar o preço pedido levando em conta a cotação do m² de algum
lançamento na vizinhança.