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"O desempenho de uma empresa é baseado em soluções e problemas, se for um problema, tem solução! Se não tem solução, então não deve ser um problema. Não existe um caminho novo. O que existe de novo é o jeito de caminhar e é bom saber que a gente tropeça sempre nas pedras pequenas, porque as grandes a gente enxerga de longe, e saber administrar essas situações é o que caracteriza um comportamento otimista e de prosperidade."

terça-feira, 24 de julho de 2012

INDUSTRIA BRASILEIRA

As perspectivas para a indústria brasileira

"A importância dos produtos industrializados nas exportações totais brasileiras tem diminuído"

Para se fazer qualquer prognóstico sobre as perspectivas de qualquer sistema econômico, muitas variáveis devem ser analisadas. Algumas muito importantes, até. Listando essas variáveis, pode-se nominar: (a) O desenrolar da crise mundial; (b) As medidas de política econômica adotadas pelo governo de nível superior e seus possíveis impactos sobre a economia; (c) O comportamento dos entes econômicos locais; (d) As potencialidades do sistema econômico “auscultado”.
Dessa forma, como se pode ver, são muitas as dificuldades para se prognosticar o futuro em economia.
No caso da economia industrial brasileira, esta é ainda muito centrada em microindústrias e em indústrias chamadas tradicionais. De fato, em 2010, as microempresas industriais, em um montante de 140.303 estabelecimentos, representavam 83,63% de todo o parque fabril brasileiro. Por outro lado, também naquele ano, a indústria de transformação respondia por 65,55% do número de estabelecimentos industriais do País, e era responsável por 71,64% de todo o emprego industrial. Esses dois fenômenos determinarão, dadas as condições internacionais, como a indústria brasileira se comportará no segundo semestre.
Tendo em vista o problema internacional, poder-se-ia imaginar que o setor externo seria uma forte condicionante para o crescimento do setor industrial. Entretanto, até o momento, isso não tem ocorrido. De fato, apesar de a crise ter se instalado em setembro de 2008, desde 2007, essas exportações apresentam comportamento ascendente, haja vista que em 2007 a indústria brasileira exportou US$ 105,7 bilhões; em 2008, US$ 119,7 bilhões; em 2009, US$ 87,8 bilhões; em 2010, US$ 107,8 bilhões; e, em 2011, US$ 128,5 bilhões. O que se verifica é que a importância dos produtos industrializados nas exportações totais brasileiras tem diminuído desde aquele ano, quando esses produtos representavam 65,82% das exportações totais, e agora (até abril de 2012) estejam registrando um percentual de apenas 51,24%. Esses percentuais, desde 2007, têm apresentado comportamento declinante. Talvez tal fenômeno tenha determinado cunharem o Brasil como exportador de commodities.
Assim, no campo internacional, só nos resta esperar que a crise não se aprofunde.
No campo interno, é importante que o governo continue a adotar as políticas voltadas para o crescimento industrial, mas, em termos mais gerais, com a baixa da taxa de juros e o controle da taxa cambial.
Entretanto, é fundamental que o governo e os industriais se deem as mãos para a implantação de uma real política industrial no País.
Se isso ocorrer, as possibilidades de a indústria nacional voltar a crescer serão bastante plausíveis. Caso contrário, estaremos caminhando para uma efetiva desindustrialização.
 
Pedro Jorge Ramos Vianna e Coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará