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"O desempenho de uma empresa é baseado em soluções e problemas, se for um problema, tem solução! Se não tem solução, então não deve ser um problema. Não existe um caminho novo. O que existe de novo é o jeito de caminhar e é bom saber que a gente tropeça sempre nas pedras pequenas, porque as grandes a gente enxerga de longe, e saber administrar essas situações é o que caracteriza um comportamento otimista e de prosperidade."

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ECONOMIA

Desaceleração da economia, não é bom, mas não é ruim

A economia está desacelerando nos últimos meses, conforme admite o próprio governo, que tem baixado várias medidas para impulsionar o crescimento. Até o fim do ano passado ainda havia uma expectativa de que o crescimento do País em 2012 superasse o índice de 2011, que, por sinal, foi bem mais modesto do que se esperava (2,7% contra os 7,5% de 2010).

Nesse cenário, é natural que muitas empresas revejam seus planos de investimentos e ajam com maior cautela até que a conjuntura melhore. Com o adiamento de novos projetos, organizações também protelam contratações que estavam previstas no planejamento para esse ano. Há casos, por exemplo, de empresas que postergaram a inauguração de novas unidades industriais para 2013 e até 2014, o que adia também a expansão de seu capital humano.

No entanto, muitos segmentos da economia já enfrentavam há muito a escassez de mão de obra qualificada, e essa demanda, felizmente, ainda não sofreu um golpe forte como seria de se esperar em épocas de queda nos investimentos. Algumas indústrias, principalmente aquelas que enfrentam maior concorrência internacional, já ensaiam demissões, mas o nível de desemprego no Brasil continua em patamares baixos.

Trata-se, certamente, de um paradoxo. Alguns especialistas admitem que a economia pode permanecer este ano em banho-maria, sem afetar profundamente a questão do emprego. A menos, é claro, que a China continue a reduzir o ritmo de crescimento e a situação da Europa se complique ainda mais, o que poderá agravar a desaceleração da economia brasileira.

Por incrível que possa parecer, há empresas que continuam contratando. Muitos setores continuarão crescendo, como o varejo, petróleo e gás, turismo, indústrias de eventos e entretenimento, apesar da redução do ritmo de investimentos, pois ainda sofrem com a falta de profissionais qualificados e executivos. Outros setores, beneficiados por redução de impostos, cresceram no primeiro semestre deste ano, como é caso dos fabricantes de linha branca e de móveis.

O segundo semestre ainda é uma incógnita. Geralmente, a economia tende a crescer mais nesse período. Além disso, alguns especialistas acreditam que as medidas anticíclicas tomadas pelo governo desde o início do ano comecem a produzir melhores efeitos nos próximos anos. A queda dos juros também poderá ajudar a aquecer as vendas.

Assim, o ritmo de contratações poderá ficar nos patamares atuais, numa visão mais otimista. Ou seja: em termos de oportunidades de emprego, 2012 provavelmente não será um ano muito bom, mas também não será nenhuma tragédia.

A imprensa tem noticiado que, devido à desaceleração da economia, o Brasil perdeu um pouco da confiança e do entusiasmo com que era visto no exterior. Mas isso não impede que o País ainda seja percebido como um mar de oportunidades para muitos profissionais e executivos estrangeiros. Afinal, o Brasil parece mesmo um paraíso diante de nações europeias que estão às voltas com altas taxas de desemprego e com a economia em frangalhos.

Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School.